Esse é o tipo de situação que certamente só acontece em lugares altamente civilizados como a Suíça.
Eu estava no aeroporto de Zurique. Cheguei mais tarde do que o previsto, porque meu voo tinha atrasado devido ao mau tempo, e eu precisava comprar um passe de trem para me locomover pelo país, mas a loja da empresa de transportes já estava fechada.
Fiquei pensando em como proceder, discutindo com o Zé qual seria a melhor opção para chegar à Lucerna àquela hora da noite sem gastar rios de dinheiro, já que a compra do nosso passe promocional teria que ser postergada até o dia seguinte. Perto de nós, um senhor uniformizado varria o chão do aeroporto. E sem percebermos, ele escutou a nossa conversa e viu que estávamos em dúvida sobre como proceder.
De repente, o choque total: o senhor chega até mim, falando em ótimo português, e explica que deveríamos pegar o trem X que sairia na hora Y e que, para isso, deveríamos utilizar uma máquina para comprar os tíquetes que estava mais à frente. E naquele misto de surpresa e de desconfiança, achando que ele iria me pedir alguma grana em troca, fiquei atônita.
Não satisfeito com isso, ele prosseguiu sua investigação, e fez questão de ir até a parte onde ficava o letreiro com os horários das partidas – ficou ali matutando qual seria o melhor custo/benefício para nós, me explicando todos os prós e contras de cada horário e tipo de viagem.
Altamente chocada e surpresa por encontrar um faxineiro suíço falando a minha língua, perguntei se ele era ou tinha algum parente português. Foi aí que ele me olhou com a maior cara de estranheza, e resmungou que não, sem querer me dar muita satisfação. Para ele, devia ser muito natural falar português – então, por que ouvir e ter que responder àquela pergunta?
Em seguida, agradeci pela ajuda, e ele voltou ao seu trabalho, sem esboçar nenhuma reação de que eu deveria recompensá-lo, sem pedir nenhum centavo em troca.
E eu consegui embarcar para Lucerna com o melhor custo/benefício possível, graças à ajuda desse iluste desconhecido.
Não foi o máximo?
Acho que a cegonha enganou-se , entregando-me no país errado!
Idem!!!